Por que o metaverso não emplacou?
Autor: Telium Networks
Publicação: 10/02/2023 às 11:00
Lembram do metaverso? Tema já abordado aqui no blog nesse texto aqui.
O assunto foi amplamente explorado nos últimos anos, mas parece ter morrido bem antes de se chegar ao público.
Afinal, o que aconteceu com o bilionário universo digital?
Era uma boa ideia.
Quando foi anunciado, o Metaverso parecia uma ideia certeira e revolucionária. Trazendo elementos da ficção científica, como Matrix e Neuromancer para a realidade, Mark Zuckerberg prometia entregar um universo de realidade virtual onde seria possível ter interações bem próximas da realidade.
A ideia parecia tão boa, que a Meta (antigo Facebook) chegou a ser avaliada em 1 trilhão de dólares. Para se ter noção do valor, o PIB do Brasil, ou seja, a soma de todos os seus bens e serviços finais produzidos o último ano, foi de 1,6 trilhões de dólares.
Mas, como diz o título deste texto, a ideia, aparentemente, não emplacou.
A queda
No final do ano de 2022, a Meta perdeu 71% (710 bilhões de dólares) de seu valor de mercado e anunciou a demissão de 11 mil funcionários, 13% do quadro total de funcionários da empresa.
Além disso, todos os processos de contratação foram congelados até o primeiro trimestre de 2023.
O CEO, Mark Zuckerberg, declarou que esses 11 mil funcionários foram parte do seu “excesso de otimismo” e assumiu a responsabilidade pelas demissões.
Guerra de plataformas
O Facebook, desde sua fundação em 2004, cresce ano após ano e não é novo quando o assunto é guerra entre plataformas, vencendo consistentemente seus concorrentes.
A estratégia da empresa sempre foi bem simples, comprar ou copiar.
Podemos ver o primeiro exemplo com as redes Instagram e Whatsapp, que ao começarem a causar incômodos, foram rapidamente compradas. Do outro lado, temos o SnapChat que recusou a oferta de compra e teve seu produto copiado e incorporado ao Instagram e Facebook, dando origem aos Stories.
A primeira grande derrota
A sequência de vitórias do Facebook chegou finalmente ao fim com o fenômeno “Tik Tok”.
A rede social chinesa foi alvo de uma tentativa de compra por parte do Facebook em 2016 quando ainda se chama Musica.ly, com o CEO Mark Zuckerberg fazendo um grande trabalho de relações públicas para cair nas graças do público e do governo chinês, indicando vários livros de autoria de chineses e aprendendo a falar mandarim para palestrar em uma universidade de Pequim.
Infelizmente, para o CEO, a estratégia não foi o suficiente e o Musical.ly foi adquirido pela ByteDance que fundiu o app ao atual Tik Tok.
Como a estratégia de compra não foi bem-sucedida, a opção foi copiar o produto no formato dos Reels. Diferentemente do que aconteceu com o SnapChat, no entanto, a cópia não obteve o resultado desejado e o Tik Tok continua sendo um fenômeno absoluto.
O segundo golpe
Não bastasse a derrota para a concorrente, o Facebook (agora Meta) ainda sofreria outro grande golpe, dessa vez nas mãos da maior empresa do mundo, a Apple.
Em 2021 a Apple anunciou atualizações extremamente significativas nas políticas de privacidade e de compartilhamento de dados, dando ao usuário o poder de autorizar ou não o rastreamento dos seus dados.
A atualização impactou diretamente empresas que usam informações pessoais para gerar anúncios personalizados, um dos principais modelos de negócio de redes sociais como o Facebook.
O golpe final
O prego no caixão do Metaverso viria, ironicamente, da obsessão de seu próprio criador.
Animado com a ideia de um universo digital, Zuckerberg alterou o nome da holding de Facebook para Meta e anunciou uma mudança de direção nos investimentos da empresa, agora com foco no Metaverso.
A notícia desagradou tanto aos acionistas quanto os próprios desenvolvedores da empresa que chegaram declarar que “O metaverso será nossa morte lenta.”
O descontentamento generalizado dentro da Meta pode ser atribuído, também, ao fato de que mesmo depois de quase 2 anos da mudança de nome e de muito se falar no metaverso, poucas pessoas sabem o que é isso ou para que serve.
É hora do metaverso descansar em paz?
O fracasso do metaverso não significa que ele não possa ressurgir em um futuro próximo, renovado e conquistando o interesse da população. O fato é que a ideia de um universo virtual não é ruim e já foi romantizada de diversas formas, porém, a versão que foi apresentada ao público não conseguiu gerar a expectativa e interesse para um grande sucesso.
Um dia, provavelmente, iremos conhecer universos digitais, mas não agora.